sábado, 11 de maio de 2013

Três Marias.


"Salve, ó Senhora santa, Rainha santíssima, Mãe de Deus, ó Maria, que sois
virgem feita igreja,  eleita pelo santíssimo Pai celestial, que vos consagrou por
seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo . Em Vós, residiu e reside toda a
plenitude da graça e todo o bem" São Francisco de Assis.


Todos os anos, no dia das mães, lembro da minha infância. Lembro de muitos momentos vividos ao lado das mulheres da minha vida. As três Marias. Elas sempre estavam lá. Cada uma do seu jeito. Cada uma com a sua importância.

Fui gerada no ventre de uma Maria. Uma mulher forte, guerreira, bondosa, dedicada,  amiga... Minha melhor amiga. É no colo dela que eu deito e, sem receios, mostro minhas fragilidades e derramo as minhas lágrimas. É com ela que eu divido minhas alegrias, tristezas, vitórias e fracassos. Nas dúvidas, recorro aos seus conselhos. Ela tem o dom de fazer eu enxergar o que não consigo ou, às vezes, não quero. Ela tem a capacidade de ouvir o meu silêncio. Quando eu digo que não sou capaz, ela diz: "Você pode", "Você consegue", "Lute". E quando eu acho que não posso voar, ela me dá asas. Está sempre me incentivando. Quando me falta força, ela é o meu apoio. Estamos juntas, vivendo, sonhando, lutando... sempre. Uma cuidando da outra. Quando ela é fogo, eu sou água. Quando ela é água, eu sou fogo. Nos completamos. 

A Maria que me deu a vida, nasceu de uma Maria. Minha outra Maria. A Maria que por um determinado tempo assumiu a dupla função: mãe e avó. Minha mãe avó, a mulher que cuidou de mim na minha infância, a mulher que me construiu. Uma mulher simples, virtuosa, que mal sabia assinar o próprio nome, mas transbordava valores. Com minha avó aprendi a rezar, a cozinhar, a cuidar da casa, a costurar, a plantar, a regar, a colher, a cuidar dos bichos...  Com ela, aprendi que um coração não deve ter cercas, não deve ser guardado. Usava Jesus como exemplo, mostrando que Ele sempre ofertava o Seu coração. Ela explicava que é por esse motivo que, nas imagens, o coração de Jesus aparecia sempre do lado de fora do peito. O que há de melhor em mim, aprendi com ela. Enquanto costurava, cantava e contava histórias, eu ficava sentada no chão, perto da máquina de costura, brincando com os retalhos que sobravam e ouvindo atentamente as canções, as histórias. Aprendi, também, a ser mãe... mãe das minhas bonecas de pano (as poucas bonecas que eu tinha eram de pano). As bonecas que ela fazia, que eu fazia. Eram lindas. E assim, cresci. Infelizmente, aos 92 anos, ela faleceu por complicações de um acidente vascular encefálico. Eu chorei. Eu sofri. Senti uma dor incomensurável. Senti um pedaço de mim indo embora. O que me consola é olhar no espelho e enxergar os seus traços em mim, o pedaço que ficou em mim. Às vezes, penso que deveria ser proibido as pessoas, como ela, morrerem. Mas a vida é assim. Tudo que podemos fazer é viver intensamente, o tempo que ainda temos, ao lado dessas pessoas.  Minha avó era uma mulher incrível. Foi através dela que conheci a outra Maria da minha vida. A Maria que não é só minha, é de todos nós. Maria cheia de graça,  cheia de Amor, bendita entre as mulheres, Serva do Senhor, manifestação do Amor de Deus, Mãe acolhedora, Mãe de Jesus, da qual minha avó era muito devota. Todos os dias, às 18h, era sagrado rezar o terço. Essa era a vida da minha avó. Nossa Senhora, essa Mãe que acolhe e não escolhe, me sustenta, me segura. Compartilho com Ela todos os meus sonhos... pedindo sempre que, através da Sua intercessão, eu saiba a direção a seguir; que as minhas vontades coincidam com as do Seu Filho. Ela conhece o meu coração e sabe que caminho com Ele. Com essa Mãe já vivi experiências fantásticas. Tudo que vivi, contribuiu para aumentar ainda mais a minha fé. Sigo por este caminho, chorando, sorrindo, caindo, levantando... mas esperançosa sempre, porque Ela está na frente guiando, iluminando e florindo. 

Neste dia, que é uma homenagem às mães, peço que Nossa Senhora interceda por todas... dê a cada mãe, as virtudes que lhe faltarem; dê força para que elas sejam sempre um porto seguro, onde os filhos possam estar, possam voltar; dê saúde para que elas possam viver por muitos anos e tenham a graça de ver a geração de netos e bisnetos...; dê sabedoria para que elas sejam fonte de vida e esperança para os filhos;   dê, sobretudo, paciência e coragem para lutar pelos filhos que se perderam. Que nenhuma mãe, jamais, desista de um filho. E que os filhos sejam amorosos, zelosos e pacientes. 

Agradeço às minhas Marias pelo amor, dedicação... e por tudo que eu aprendi e ainda haverei de aprender.

Parabéns às mães... todas as mães. Amigas presentes, distantes... todas!