quarta-feira, 17 de abril de 2013

O que sucede às virtudes?





"Quanto à virtude, não basta conhecê-la, devemos tentar
também possuí-la  colocá-la em prática" Aristóteles.


Cada um de nós é responsável pela própria história. Histórias compostas por muitas lutas, vitórias, fracassos, erros, acertos, dores, prazeres, dissabores, afetos e desafetos... aprendizados necessários. A experiência vivida é parte do que somos hoje. Ser o que somos ou ser o que queremos, não é uma tarefa fácil. Independente de qualquer coisa, cada um tem o seu valor. Ninguém é menos ou mais. Ninguém nasce bom ou mau. Ninguém nasce virtuoso. Ninguém é mau involuntariamente. É cultivando virtudes que adquirimos a disposição de aprender a fazer o bem, a ser justo e se portar e agir com humanidade. Nós somos aquilo que habitualmente fazemos, portanto, podemos ser o que queremos ser. Ninguém é perfeito, mas somos aprimoráveis. Estamos todos em construção. E, nesse processo, é fundamental cultivar os valores que contribuam para que, dia a dia, sejamos melhores. Melhores na alegria, melhores no amor, melhores com e para os outros. E, melhores na tristeza, na dor e no sofrimento. Como podemos melhorar a nossa capacidade de lidar com os contrários da vida, com o que nos faz sofrer? Difícil? Sem dúvida, é. Mas encontramos exemplos e mais exemplos de que podemos ser melhores também no que traz desconforto. Conheci uma pessoa que passou por um doloroso tratamento de câncer com um, inacreditável, sorriso no rosto. Enquanto todos esperavam pela morte, ela lutava pela vida. Enfrentou a doença com uma força incrível. Ela foi melhor na dor e no sofrimento. Acreditou, teve fé, esperança e venceu algumas vezes. Perdeu a última batalha, mas enfrentou a dor com muita força. A força que nos sustenta e que nos faz acreditar e seguir em frente vem do hábito de alimentar o coração com o que é bom. Cultivar bons hábitos deve ser uma prática constante. Isso é o que precede e prepara o caminho - O caminho do crescimento, do aprimoramento. É impossível ter força e agir com benevolência, sem, pressupostamente, a coragem, a serenidade, a tolerância, a temperança e o respeito por si mesmo e pelos outros. É com esse espírito que poderemos suportar, com dignidade, as contingências da vida, e a nos comprometer a fazer bem feito o que deve ser feito. 

Continuo dizendo: É preciso cultivar virtudes. O mundo está carente de amor, de ética, de paz, de tolerância, de humanidade, de compreensão, de oportunidades, de respeito, de menos julgamentos... Muitas "guerras" poderiam ser evitadas se as pessoas fossem mais tolerantes e soubessem conviver com as diferenças. Muito sofrimento seria evitado se houvesse menos injustiça e desonestidade. Muitos corações não estariam aos pedaços se houvesse mais amor, confiança, diálogo, verdade, atenção, dedicação e gentileza. Muitas pessoas sofreriam menos preconceitos se houvesse mais respeito e senso de igualdade. Muitas crianças não estariam perdendo a infância, com as drogas e o crime, se fossem mais cuidadas. O país seria muito melhor se não houvesse tantas falhas na democracia e tivéssemos mais Políticos "cuidadores de gente". Haveria muito mais igualdade se tivéssemos uma Educação de qualidade e ela fosse um direito completamente cumprido. Não é possível falar sobre as virtudes sem lembrar do mundo - o "mundo" que pulsa, que chora, que grita, que carece e pede. São muitos "se houvesse", "se tivéssemos", no entanto, há muita esperança de ainda podermos conjugar esses verbos no presente... Enquanto os valores essenciais não são, individualmente, cultivados, o "mundo" estará sempre aquém do esperado.

Os valores que todos nós apreciamos, busquemos sem cessar. Não podemos exigir que o outro seja o que queremos, mas podemos ser o que queremos que o outro seja - E ser exemplo. Não podemos permitir que o nosso modo de agir seja determinado por alguém ou por fatores, negativamente, externos, mas podemos agir sob a influência daquilo que cultivamos e que nos conduzirá a uma satisfação plena. Isso é ser feliz. Assim, diante do ódio e amargura, sejamos amorosos; diante do que tenta fazer de nós o que não somos, deixemos o tempo trabalhar a nosso favor, sejamos pacientes e capazes de perdoar; diante das contendas e do desequilíbrio, sejamos mansos e pacíficos; diante do que não sabe o valor de "doar-se", sejamos generosos; diante da maldade, sejamos tolerantes e benevolentes; diante da mentira, sejamos verdadeiros; diante da indiferença, sejamos atenciosos e sensíveis; diante da ignorância, sejamos gentis; diante do racismo e preconceito, tenhamos sempre em mente que, aos olhos de Deus, somos todos iguais, apesar de diferentes; diante da falta de civilidade, busquemos resgatar as virtudes, por muitos, esquecidas. Não é fácil, mas é preciso praticar, porque é isso que sucede às virtudes: Um ser humano muito melhor... e, como resultado, um mundo melhor também.